terça-feira, 8 de novembro de 2011

Maria Rita diz estar pronta para subir ao palco por Elis

Época


"Acho que este é o momento certo", diz a cantora, que fará uma série de shows para homenagear a mãe, Elis Regina, em projeto encabeçado pelo irmão João Marcello Boscoli


DANILO CASALETTI


“Se o que eu posso fazer para preservar a memória de Elis é subir ao palco e cantar, é isso que vou fazer”, diz Maria Rita, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (8), em São Paulo, para apresentar o projeto Viva Elis. “Acho que este é o momento certo”, afirma a cantora, que desde que estourou para o sucesso, em 2003, é cobrada para fazer uma homenagem para a mãe. Em 2012, completam-se 30 anos da morte de Elis Regina.

Serão cinco shows em cinco cidades brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre), todos de graça. O primeiro deles está marcado para março, em local ainda não divulgado. O projeto Viva Elis também terá uma exposição – que vai acompanhar o roteiro dos shows –, um livro biográfico e um documentário com depoimentos de artistas e amigos que conviveram com Elis, entre eles Nelson Motta, Roberto Menescal, Gal Costa, Gilberto Gil e Fagner. Tudo está sendo encabeçado pelo produtor João Marcello Boscoli, filho mais velho de Elis.

Em declarações recentes, Maria Rita disse que precisava se preparar emocionalmente para participar de um projeto como esse, mas, agora, parece que já está tudo acertado, ou encaminhado. Até dezembro, a cantora continua em turnê com seu álbum Elo, o quarto de seu carreira. Depois, para e começa a pensar no show em homenagem à mãe. Maria Rita, que diz que ainda não escolheu o repertório, deve cantar acompanhada de um trio ou de um quarteto. “A atração principal é a música. Não vai descer um telão com projeções de Elis para todo mundo chorar”, diz o irmão, João Marcello.

“O assunto ‘Elis’ nunca foi tabu em casa, mas acho que a Maria Rita acertou em esperar o momento oportuno para fazer essa homenagem”, diz João. A cantora concorda com o irmão e diz que as comparações ou o aposto ‘filha de Elis Regina’ nunca a incomodaram. “O que me incomodava era o fato das pessoas quererem que eu fosse a continuação dela. Elis só teve uma. Nem eu vou substituí-la”, diz Maria Rita. Sempre contando com o apoio do irmão, Maria Rita vai além em relação às cobranças. “Tenho quase dez anos de carreira. Já fiz muito. Posso dizer que não devo mais satisfações a ninguém”, afirma.

A segurança some apenas quando o assunto é o show propriamente. “Estou morrendo de medo. Elis é de todo mundo, mas a mãe é minha”, brinca a cantora. Maria Rita diz que espera acostumar-se, durante os ensaios, que devem começar em janeiro, com a emoção de cantar o que foi gravado pela mãe.

Os shows, segundo a cantora, não serão lançados em CD ou DVD. “Não é essa minha vontade. Será uma homenagem, não um projeto de carreira”, diz. Mais uma vez, João Marcello apoia a irmã: “Elis iria detestar se a Maria Rita fizesse isso”.

Ao longo da carreira, Maria Rita cantou – em projetos paralelos, nunca em seus shows ou discos – quatro músicas da mãe. Para um especial da TV Globo interpretou “Essa mulher”, canção de Joyce gravada por Elis em 1979. Também de 79, Maria Rita cantou “Basta de clamares inocência”, em um show em homenagem ao compositor Cartola.

O clássico “Carinhoso”, gravado por Elis em 1966, ganhou a voz de Maria Rita em 2010, em dueto com Ney Matogrosso. Com Gilberto Gil, cantou “Amor até o fim”, samba que Elis gravou por duas vezes (1966 e 1974).

O projeto Viva Elis vai ter apoio da Nívea. Os shows e a exposição serão bancados pela verba de marketing da empresa e não receberão o benefício da Lei Rouanet, como foi anunciado anteriormente. A renúncia fiscal abrangerá apenas a confecção do livro e do documentário, que depois serão distribuídos em escolas públicas do país.

Um site para preservar a memória de Elis


Junto com os eventos programados para o projeto Viva Elis, a família da cantora também colocará no ar o site Elis Regina. É nele que fãs de todo o mundo poderão acessar o acervo que vem sendo reunido ao longo desse tempo. “Quem tem a maior parte de fotos e vídeos são as emissoras”, diz João. O produtor conta que depois da morte de Elis, em janeiro de 1982, os fãs invadiram a casa da cantora, que ficava na Serra da Cantareira, zona norte de São Paulo, para pegar lembranças de Elis. “Ficamos com muita pouca coisa”, afirma.

João Marcello conta que, com a divulgação da intenção de fazer uma exposição da Elis, no começo deste ano, algumas pessoas começaram a enviar materiais e lembranças para ele. A mais inacreditável delas é o álbum de casamento de Elis com o compositor Ronaldo Bôscoli, pai de João. A ‘”relíquia” estava com uma ex-empregada de Elis que o recolheu do lixo. A própria Elis descartou o álbum quando se separou do marido. A carteira de trabalho da Elis também estava com a ex- funcionária da cantora.

Os vídeos usados na exposição – entrevistas e trechos de shows – poderão ser lançados, posteriormente, segundo João Marcello, em DVD. Ele também está em contato com a gravadora Universal – pela qual Elis lançou a maioria dos seus discos – para restaurar os áudios de mais dois álbuns, a exemplo do que já foi feito com Elis& Tom, Falso Brilhante e Elis (de 1980).

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