sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Dona do Jogo

Revista Rolling Stone Brasil


Edição 62 - Novembro


Com a carreira consolidada e segura das convicções, Maria Rita diz superar comparações com Elis Regina: “Ninguém vai mexer com a minha mãe!”



Leia abaixo um trecho da matéria publicada na edição 62 da Rolling Stone Brasil, novembro/2011. A revista chega à bancas a partir de 11/11.


Seguindo pelo corredor que termina no espaçoso estúdio de gravação, Maria Rita cochicha para os assessores: “Olha a munição aos inimigos!” O “inimigo”, no caso, era o repórter; a munição, uma inocente garrafa do espumante Veuve Clicquot que apareceu e desapareceu misteriosamente de uma mesa de canto. Com Erikah Badu tocando ao fundo, a sessão fotográfica se desenrolou em diversas sequências de imagens com os mais variados figurinos. Alguns revelaram as tatuagens dela: uma gardênia nas costas, estrelas, a frase “Meu Brasil brasileiro” no braço direito e uma borboleta abaixo da orelha esquerda. Seis horas depois, já despida do figurino de estrela, a cantora me olha nos olhos e exulta: “Finalmente!”. Ao receber um exemplar da Rolling Stone com Amy Winehouse na capa, ela não contém um comentário. “Que coisa, não? Eu me lembro que eu estava no carro. Tinha terminado uma música dela e já tinham dado a notícia. Cara, ela morreu e eu não entendi nada!”


O local do encontro em questão é uma sala espaçosa da gravadora Trama, na zona oeste de São Paulo, e o tema da conversa é o quarto e recém-lançado CD de Maria Rita, Elo, um evidente retorno à proposta sonora de Maria Rita (2003) e Segundo (2005). No meio dos dois há ainda Samba Meu (2007), algo como um “ponto fora da linha da história toda”, nas palavras dela própria.


Até chegar a Elo – álbum com impressionante tiragem inicial de 100 mil cópias –, dez longos anos se passaram. E tudo começou de uma forma que Maria Rita não classifica como muito agradável. Em uma coluna de um jornal paulistano, o jornalista Walter Silva tentou dar conselhos à nova cantora em meados de 2000: evitar compositores que a mãe, Elis Regina, falecida em 1982, já tivesse gravado; evitar Nelson Motta (“para não ficar parecida com Marisa Monte”); assinar contrato com uma multinacional; e gravar só nos melhores estúdios dos Estados Unidos. “Isso foi quase grosseiro, quase uma malcriação”,reclama hoje Maria Rita, lembrando que até então sua carreira musical era um segredo para todos, até mesmo para os irmãos e para o pai, o pianista César Camargo Mariano. “Foi uma confusão, não foi agradável e eu me senti traída.”

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