sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Liberta pela própria música

11/02/11 - Tribuna do Norte


Maria Rita define o show que fará domingo, no Teatro Riachuelo, como “liberto, largo”. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, a cantora ressaltou a liberdade que esta apresentação, em particular, lhe permite. “Ali em cima canto músicas que sentia saudade de cantar, que são inéditas e que sempre cantarolei pela vida mas que nunca couberam num show”, disse. O show é sem nome, mas não sem importância para ela. O repertório vem de seus três álbuns já lançados, canções que passeiam pelo jazz, MPB e deságua no samba. São canções como “Coração em desalinho”, “Tá perdoado”, “Cara valente”, “Num corpo só”, “O que é o amor”, “Encontros e despedidas”, “Trajetória”, “A festa”, entre outras. Com a palavra, Maria Rita:
O show em Natal será de transição, não é isso? Vai mesclar músicas dos três discos anteriores, vai ter canções inéditas?
Não me sinto muito à vontade em dizer que esse show é um show de transição; parece ter menos importância, talvez - quando, na realidade, é um show, com figurino, roteiro, ensaio, luz. Esse show, na sua essência, é mais um na minha carreira, apesar de ser despretensioso: não é de um CD, não é de um DVD, não vai virar CD, não vai virar DVD. É um show liberto, largo. Ali em cima canto canções que sentia saudade de cantar, que são inéditas e que sempre cantarolei pela vida mas que nunca couberam num show...Esse show não tem nome, mas não deixa de ser importante para mim.
O show já aponta para um novo disco?
De forma alguma...
Você pretende seguir com a linguagem do “Samba Meu”, que adicionou elementos do samba tradicional ao piano, baixo acústico e bateria; ou pode pintar uma pegada completamente inédita em seu trabalho? Novos compositores, ritmos...
O samba sempre esteve presente no meu trabalho, desde o “Maria Rita”, com Cara Valente, por exemplo, ou mesmo no “segundo”, com Recado...Enfim. O “Samba Meu” foi a explosão maior da minha paixão, admiração, respeito pelo samba. Portanto, evito colocar o “Samba Meu” como um divisor de águas da sonoridade que penso para mim - a partir dele ou antes dele. E, neste momento da coisa toda, assumir um próximo disco de samba, ou com samba, ou recusando o samba, é prematuro. Independentemente do próximo disco, o samba mora em mim.
Você tentou percorrer um caminho distante da música, em que momento ouviu sua própria voz, dizendo: eu vou cantar!
Este momento de epifania, por assim dizer, nunca existiu. Eu explorei, sim, outros vários caminhos na minha vida por medo de ser desleal com a música e o que ela representa pra minha história pessoal. Fazer por fazer, por ser o caminho da expectativa alheia, por ser o caminho “mais fácil” (apesar de que não é nada fácil ser filha cantora de Elis Regina!), não combina nem comigo e nem com os valores que recebi na minha criação. Meu pai sempre disse que a música é a diversão dos outros, mas é o nosso trabalho, é o que põe comida na mesa. O Zezé de Camargo diz que a nossa garganta é a nossa inchada - e é bem por aí mesmo. Eu sempre soube que tinha o bichinho dentro de mim, mas foi um processo lento, solitário, obscuro e, por vezes, doloroso esse meu de aceitação.
Que papel teve a música na formação de sua personalidade?
Meus amigos de escola diziam que dava pra saber o meu humor logo no começo das aulas por causa da música que eu entrava cantando. A música me libertou, meu palco me salva de mim mesma. Me libertou porque através de uma canção me expresso, consigo lidar com minha timidez. Coloco meus monstros pra fora. Me dá um centro, me dá um objetivo e, principalmente: me dá uma paixão. A disciplina que imponho a mim mesma, por causa das exigências da estrada - dentre tantas outras coisas.
Quando você estreou no Brasil, deixou todo mundo de queixo no chão. Aquela Maria Rita, que nas entrevistas dizia ter medo de comparações, ainda está presente? Sente-se livre?
O artista nunca está livre.
Serviço:
Maria Rita. Domingo, às 20h, no Teatro Riachuelo. Preço: R$140 (inteira) e R$70 (meia). Vendas na La Femme (Midway) e Movelaria (Hermes da Fonseca). Tel.: 3646-3292/3201-0537.

Nenhum comentário:

Postar um comentário