terça-feira, 8 de setembro de 2009

Romântico em disco que regrava Roberto Ribeiro, Sapucahy faz sucesso entre as mulheres

08/09/09 - O Dia Online

Quando Leandro Sapucahy gravava o DVD ‘Favela Brasil’, ouviu de Regina Casé, a diretora: “Minhas amigas te acham lindo, carismático, mas o que você canta é pesado. Estou toda respingada de sangue”, brincou. “Você tem que cantar para a mulherada”.

O cantor e produtor de 39 anos já tinha ouvido a mesma reclamação nas rádios e sentia isso em seus shows, que hoje têm presença forte das mulheres. “O público feminino me apoiou muito no meu trabalho político, mas queria ouvir uma coisa mais romântica”, conta Leandro, que admite o assédio das fãs. “Teve aquela confusão com a Maria Rita que deu uma mídia. Tirou o foco do meu trabalho, foi um saco, todo mundo só queria falar disso, mas aumentou o assédio”, conta ele, sobre o envolvimento com a cantora e com “algumas atrizes”. Hoje, namora a produtora de moda Alessandra Marques.

Preocupado em manter a coerência em seu trabalho, ele atendeu a um antigo sonho de sua mãe: gravou o disco ‘Leandro Sapucahy cantando Roberto Ribeiro’, em homenagem ao sambista, morto em 1996, que fez sucesso nos anos 70. “Foi uma maneira de agradá-la, manter meu discurso dentro do samba e fazer um repertório de músicas românticas boas”, resume ele. “Foi uma fuga minha num mercado que meio que te obriga a fazer um som mais radiofônico, sem sair da minha tentativa, desde o primeiro disco, de fazer coisa que não caia na mesmice. Eu olho para os meus discos e tenho orgulho”, afirma.

Dona Jocy, que sonhava ser cantora, realizou o desejo no CD do filho, com quem divide os vocais em ‘Nega do Peito’. “A gravação foi uma choradeira só. Foram vários sonhos juntos: eu gravar Roberto Ribeiro, ela gravar um disco e ouvir a própria voz gravada. Ela contou que estava chorando porque criou quatro filhos com dificuldade, meu pai era autônomo, e lembrou dessa época. Meu pai chorou também e eu acabei chorando”, diz.

Dona Jocy é a única participação especial no CD. “Queria ter convidados, mas às vezes a gente é mal-interpretado, acham que é oportunismo. Mas no show de lançamento (previsto para outubro) quero ter gente como a Dona Ivone Lara, o Monarco e o Diogo Nogueira”, enumera Leandro.

Ele pretende ajudar o público a redescobrir Roberto Ribeiro. “No meio do samba ele é conhecido, mas fora, não. Ele foi silenciado pela mídia. Não sei se foi preconceito com o gênero que ele cantava, mais romântico, numa época em que fazia sucesso um samba mais percussivo, do Cacique de Ramos e afins”, analisa. “Mas depois da redescoberta do Simonal, muito me animei”.

Ele pretende fazer um DVD e, quem sabe, um documentário sobre o sambista. Além disso, quer transformar a ideia num projeto, sempre com um artista regravando outro: o próximo é Marcelo D2 cantando só Bezerra da Silva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário