quarta-feira, 2 de setembro de 2009

"Nego" resgata cultura judaica na voz de astros da MPB

CD produzido por Carlos Rennó e Jaques Morelenbaum coloca Maria Rita, Elba Ramalho e Dominguinhos para versar clássicos do jazz

02/09/09 - Abril

Colocar grandes nomes da MPB para cantar versões de clássicos do jazz norte-americano compostos por judeus. Essa foi a forma que o Centro da Cultura Judaica (CCJ) escolheu para aproximar ainda mais a cultura judaica da brasileira através do álbum “Nego”.

Tudo começou com uma ideia de Carlos Rennó (produtor e jornalista) e Jaques Morelenbaum (produtor e violoncelista), que tinham plano de fazer um álbum para regravar clássicos das décadas de 20 e 50. E com o convite de Yael Steiner, diretora-executiva do CCJ, o projeto ganhou vida. “O CCJ nos pediu uma ideia e nós apresentamos um projeto de disco, com versões em português de canções modernas que foram compostas por judeus”, explica Rennó.

O que facilitou a escolha do repertório foi a representatividade de artistas judeus para a música da época. “Grande maiorias dos autores daquele panorama, os principais, foram judeus”, conta Rennó, que selecionou para o repertório canções escritas por Richard Rodgers e Lorenz Hart; Irving Berlin; George Gershwin, Ira Gershwin e Dubose Heyward; Harold Arlen e Leo Robin; Lewis Alla; e E.Y. Harburg. “Um trabalho assim tem o objetivo de estabelecer um diálogo com uma forma de canção que floresceu em um certo período que pode ser considerado um dos pontos altos da arte da canção”.

Os artistas brasileiros convidados pela dupla também promovem outro encontro, só que desta vez de diferentes gerações da MPB, juntando num mesmo disco Carlinhos Brown, Dominguinhos, Elba Ramalho, Emílio Santiago, Erasmo Carlos, Gal Costa, João Bosco, João Donato, Luciana Souza, Maria Rita, Moreno Veloso, Ná Ozzetti, Olivia Hime, Paula Morelenbaum, Seu Jorge, Wilson Simoninha e Zélia Duncan. “São todos nomes que nos ocorreram e que quisemos chamar, pela possibilidade artística de interpretação”, diz Rennó.

Eles deram novas interpretações para canções como “Strange Fruit” (“Fruta Estranha”), “Ol’ Man River” (“Sábio Rio”), “Summertime” (“Verão”) e “Over the Rainbow” (“Mais Além do Arco-Íris”). “Tivemos a necessidade de se traduzir não só o sentido, mas os recursos formais que são empregados nas originais. Jogo de palavras, o sistema rítmico. Onde tem rima na original também tinha que ter na versão”, revela Rennó.

Foram seis meses para produzir 15 versões, das quais 13 entraram em “Nego” e uma no site do CCJ. Dessas, a que mais demorou para ser registrada foi “Encantada” (“Bewitched”), interpretada por Maria Rita. “Um exemplo de canção que deu muito trabalho por ser mais extensa”.

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