05/08/09 - Observatório do Algarve
Cantora-revelação, filha de Elis Regina, dá concerto em Albufeira. Em entrevista ao Observatório do Algarve, explica o porquê do samba com sabor a jazz, diz que é fã do Twitter e que não passa sem o telemóvel e o iPod.
Maria Rita Camargo não gosta que a tratem por “a filha de…”, mas ainda hoje, apesar dos prémios e de se ter tornado na menina-revelação da música popular brasileira (MPB), não consegue – nem quer – apagar a sombra de Elis Regina. “Ela e muitos outros artistas brasileiros, como o Gilberto Gil, a Maria Betânia, o Caetano e tantos outros, abriram as portas aos artistas da minha geração”, explica ao Observatório do Algarve.
Com 32 anos, e apesar de só ter começado a cantar profissionalmente aos 24, Maria Rita, já ganhou vários prémios, entre os quais o Grammy latino, em três categorias: revelação do ano, melhor disco de Música Popular Brasileira e melhor Canção Brasileira.
Os seus discos já venderam centenas de milhares de cópias e foram editados em mais de 30 países, embora Maria Rita seja ainda uma “estranha” para muitos apreciadores da MPB, talvez pela sua timidez… “Eu sou muito tímida, mas tive de aprender a lidar com isso, com as entrevistas, com as câmaras. No palco então, sou muito tímida (embora não pareça) e às vezes sinto até que estou a enganar as pessoas”, admite, com humildade. Maria explica porquê: “Eu canto com tanto prazer, gosto tanto de cantar e até canto no chuveiro! Sinto que as pessoas pagarem para me ouvir cantar às vezes parece ‘enganação’”, diz com um sorriso.
Perfeccionista até à última nota, revela que depois de feito, raramente ouve um disco seu, para evitar ‘botar defeito’. “Eu nem no chuveiro posso desafinar, porque eu sou o meu maior crítico!”, graceja.
O último, "Samba Meu", é uma declaração de amor ao samba, como gosta de dizer.
Se lhe pedissem, seria incapaz de optar pelo estúdio ou pelos espectáculos ao vivo. O estúdio é mais intimista, o palco é mais “uterino”. “Em cima do palco eu não sou mãe, não sou namorada, não sou filha, eu sou eu! Ali ninguém mexe comigo, ninguém me põe a mão em cima”, garante. Já no estúdio, obriga a ficar de fora quem não é de cena: “Não é qualquer pessoa que percebe que eu prefiro que se apague a luz, que fique uma penumbra, que eu gosto de gravar um take corrido (gravação sem interrupções). Tenho certas manias que não gosto que se saibam”, confessa.
Uma das manias que a 'persegue' diariamente é a ligação à internet. Maria Rita tem perto de mais de 27 mil seguidores no Twitter e está constantemente a actualizar, esteja onde estiver, a informação. "Sou maníaca por estes brinquedos" - diz, referido-se aos Blackberry. A cantora acredita na net como forma de se aproximar dos fãs e estes da sua música, até por uma questão de preço. "Tenho tido várias discussões com as editoras, para baixarem o custo dos discos. Hoje em dia, com a internet, (a pirataria é muito elevada no Brasil, onde os downloads ilegais imperam) isso é uma questão que tem de ser resolvida ONTEM!", critica.
Do espectáculo de hoje à noite, levanta a ponta do véu: “É um concerto muito bonito, que tem temas do meu primeiro e do segundo álbuns, temas que não estão em álbuns e até um tema que nunca cantei ao vivo, o Soledad de Jorge Drexler”.
No Grande Real Santa Eulália, em Albufeira, Maria Rita vai estar acompanhada pela Orquestra de Jazz de Matosinhos, uma ‘Big Band’, como prefere chamar-lhe.
Antes de pisar o palco, ainda lhe vem o friozinho na barriga, o nervoso miudinho que se espanta com as primeiras notas: “Antes tinha medo de ser devorada, hoje tenho medo de não me satisfazer, de não entregar o que eu espero”, diz. Esta noite, porém, com a lua cheia, Maria Rita garante que vai estar a ‘110 por cento’.
Integrado no programa Allgarve, o espectáculo está marcado para as 22h30, os bilhetes custam 30 euros.
Ouça parte da entrevista, clicando no ícone respectivo, junto à fotografia.
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Confira o vídeo abaixo, com a foto disponibilizada na matéria e a parte da entrevista que eles disponibilizaram:
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