"São Paulo, 3 de abril de 2009.
Estou em SP novamente, depois de menos de uma semana do show no SESC Itaquera. Estou aqui meio zonza, ainda, com o que rolou por lá. Foram mais, bem mais, de 10 mil pessoas, numa tarde linda, que, porém, prometia uma chuva. Viramos aquele jogo. Parecia que Mãe Natureza se sentira com nossa causa mais que justa: alegria infundada regada a muita música. É emoção e alma, não tem como perder o jogo. Muita emoção, muita alegria, pés descalços e coro à capella. Uma festa, enfim.
Cheguei lá bem na pinta de me arrumar, fiz tudo meio correndo. Tinha acordado com alguns problemas de produção, o que me deixou um pouco apreensiva. Logo, entre a apreensão da parte de trás, a parte que ninguém vê pegando fogo, e a apreensão de um show daqueles (a memória do show do "Segundo" naquele mesmo SESC ainda vive latejando na memória), confesso que não estava para muitos amigos.
Me arrumei rapidamente, rezamos, concentrei. À primeira aparição dos músicos no palco, o barulho ensurdecedor da platéia, que já vinha, há alguns minutos, se manifestando - ou deveria eu dizer, manifestando seu carinho? Ao atacar "Samba Meu", ali atrás, na concentração maior que eu desenvolvo para aquele momento, que não deixa de ser um momento de guerra travada entre mim, o palco, meus medos e meu público, aqueles gritos ainda mais ensurdecedores chegaram a me golpear e perdi meu equilíbrio, sendo segurada pelo braço por um dos roadies. Ainda assim, a voz engasgou num nó na garganta e eu precisei me fechar contra tudo e todos para continuar. É simples assim.
Somente quando entrei de corpo inteiro no palco é que me torneu dona de mim mesma novamente, dona daquele lugar, daquele céu, daquelas "bocas cantantes", do meu lugar no mundo. E foi uma festa inesquecível, com direito a sapatos tirados e cantoria à capella.
Fugi dos padrões mesmo, quebrei meus próprios protocolos.
Afinal de contas, ali em cima eu sou só dona de mim. E daquele lugar. Que é só meu e ninguém tasca!
Obrigada pelo carinho... Nos vemos no Domingão...
Paz
MR"
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