Gente, na nova edição da Revista Monet (da Net) tem uma entrevista com a MR!
ELA SAMBA BEM
Mais uma vez concorrendo ao Grammy Latino, a filha de Elis está feliz da vida com o samba e segura a ponto de colocar as pernas de fora em seus shows.
Por Nádia Marinho
Revista Monet - O terceiro disco mudou seu estilo?
Maria Rita - Não é tanta mudança porque sempre flertei com o samba. Ele sempre esteve presente tanto nos shows quanto nos discos. Mas tem uma coisa: as músicas que gravo são muito autobiográficas, sabe? Elas têm muito a ver com momento de vida que estou passando. O disco Samba Meu não é um abandono do que sempre fui. Não estou me reinventando. É só a exploração de algo que sempre existiu dentro de mim.
RM - O samba é uma tentativa de atingir um novo público?
MR - Não. Isso aconteceu, mas não foi a intenção. E não admito isso, não esse tipo de pensamento das pessoas à minha volta. "Vamos fazer um show assim para...", e eu digo "não, não vamos". Se for uma coisa natural e orgânica, a gente faz. Caso contrário, nem conte comigo. Não minto para o meu público. Gravei samba a partir de uma necessidade minha. Jamais iria para o estúdio com o objetivo de satisfazer alguém, ou um público, ou um número ou uma tendência. Não funciono assim.
RM - Algumas resenhas sobre o DVD, como a da Folha de S. Paulo, comparam você a Claudia Leite, utilizando o termo "axé-sarada". O que você pensa sobre isso?
MR - Falando assim, realmente fica uma grosseria. Mas, no contexto da crítica, o cara disse que era um desperdício de voz por causa de uma desnecessária exposição de carne. Mas aí ele perdeu ponto comigo porque não acho que a voz não possa ter corpo. Não deturpo a minha música. Não exploro o meu corpo. O que vendo não é isso; afinal, faço música de um tipo que tem compromisso com qualidade. O que talvez tenha faltado nessa crítica é a compreensão do show business. O que coloco no palco do Samba Meu é uma linguagem mais pop. Mostro o corpo? Mostro. Porque estou feliz, segura, e isso é uma escolha minha. Mas a acusação de isso ser prejudicial é o ponto de vista dele, tem todo o direito, mas não concordo que porque estou com a barriga ou as pernas de fora esteja desperdiçando a minha voz.
RM - Terceiro trabalho e terceira vez concorrendo ao Grammy. Isso interfere ou incentiva na hora de produzir um novo trabalho?
MR - Nem uma coisa nem outra. É uma consequência porque, quando começo a pensar em um trabalho novo, eu entro no estúdio e mergulho lá. Até mesmo paro de fazer shows. Não tenho tempo de ficar pensando nessas coisas de estratégia de marketing ou se o álbum será indicado a prêmios. Não fui indicada ao prêmio Tim, por exemplo, mas fui lembrada pelo Grammy. Legal não ter sido indicada, legal ter sido indicada. Tudo é legal para mim. É uma coisa muito bacana e vejo como um privilégio, um reconhecimento do meu trabalho, mas acho que realmente é só isso. Não faço questão dessas coisas.
RM - Você está concorrendo ao Grammy com grandes nomes da nossa música, como Paulinho da Viola e Beth Carvalho. Você já se sente confortável entre eles?
MR - Não. Ainda fico assustada com esse povo todo à minha volta. Fiz o show de lançamento do DVD e colocaram a Alcione sentada no meu chulé (risos). Ela estava aqui no meu pé, na primeira fila. Abri o olho na primeira música, quando ia iniciar a capela e falei: "Não, não fizeram isso comigo". Apavorei, fiquei sem voz. Não sinto que estou com essas pessoas não. Tenho que comer ainda muito feijão com arroz para chegar lá!
RM - Você teve influência de gente do samba?
MR - Sempre tem, né? Paulinho da Viola, Chico Buarque, mesmo o cantar da Alcione, que é incrível. Não que queira imitar, mas é como uma fonte de inspiração. E olha que dificilmente ouço mulher cantora. Mas, sem dúvida, o Paulinho da Viola é de uma elegância... Se fosse homem ia querer ser ele e se não fosse casado... (risos). Estou brincando. O som dele é incrível, lindo, bem-feito, cuidadoso e pensado. Tem carinho na música dele e isso me emociona.
RM - E por que você não ouve cantoras?
MR - Tenho um pouco de receio de me influenciar por outras e perder a minha identidade. Talvez seja um pouco de trauma dessa coisa de me colocarem em oposição à minha mãe. Aliás, nunca mais a ouvi. Já tem uns oito anos que não ouço um disco dela. Mas a verdade é que meu iPod tem mais homem do que mulher. Acho que vou levar isso para a terapia (risos).
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