É bonita, vale a pena!
As cores do samba de Maria Rita
Há cinco anos, Maria Rita surgiu incensada no panteão da música brasileira. Já pisou nos palcos como estrela, grande parte pela herança do talento da mãe, o mito Elis Regina. Mas naquele momento ela aparecia sob uma aura de timidez; apareceu sob roupas escuras e olhos que traziam tristeza e seriedade que pareciam pesar sobre os 26 anos da moça. Hoje, aos 31 anos, Maria Rita se revela mais extrovertida e esbanja um colorido que foi sendo adquirido aos poucos nesta curta e bem sucedida trajetória.
É justamente este o sentimento que desperta quem teve a chance de assistir o show Samba Meu, que passou por Fortaleza em maio último. O mesmo show foi gravado na casa de shows carioca Vivo Rio um mês depois (10 de junho) e chega agora no formato DVD para deleite dos admiradores da cantora. Até mais que o CD que originou o show, o DVD comprova a evolução profissional da cantora e do crescimento pessoal de Maria Rita. Ela está completamente solta, luminosa, esbanjando simpatia e com interpretações mais extrovertidas, sabendo dosar a emoção necessária quando a canção pede.
Os fãs da Maria Rita dos dois primeiros discos até estranharam o show Samba Meu a princípio. Nos primeiros números, parece até que havia deixado de lado seu repertório antigo e se entregado de corpo e alma ao samba que marca o disco, com uma mini-blusa, barriguinha de fora e uma saia colorida com fendas cheias de sensualidade. O DVD é completamente fiel à apresentação, mantendo o repertório na íntegra. Isto é, os primeiros oito números são do último CD e a passagem para o repertório dos anteriores é feita por Recado, de Rodrigo Maranhão, justamente a faixa de Segundo que deu a pista para Maria Rita cair no samba no disco seguinte.
Só depois é que ela volta aos climas mais intimistas com Muito Pouco, de Moska. Neste momento, Maria Rita parece fazer uma concessão aos êxitos dos trabalhos anteriores e emenda Pagu, Encontros e Despedidas, Caminho das Águas e A Festa em interpretações mais soltas que antes, onde o telão do cenário esbanja em cores diversas. Ela troca de figurino e aparece com um minivestido de strass, salto alto valorizando os pernões de fora para cantar Cara Valente. Logo volta ao samba com sorriso largo e segue a parte final do show, novamente dedicada ao repertório do último CD - aliás, das 14 músicas dele, só duas ficaram de fora no DVD.
A cereja do bolo fica por conta de um número que era tipo uma carta na manga do show: o clássico Não deixe o samba morrer, que Maria Rita executava eventualmente no bis, aparece num clipe. A música dialoga com a nova fase da cantora que renasceu sambista. Se para alguns foi uma mudança oportunista para pegar carona na nova onda de samba, não dá pra negar que Maria Rita está bem mais leve e descontraída. E, por que não, verdadeira. (LAF)
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