segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Soltinha no palco, Maria Rita é maturidade e autoconfiança, além de muito samba.




Texto Laura Coutinho, editora do Donna. Foto Charles Guerra, Agência RBS

Maria Rita é luxúria, beleza e entrega. Os shows anteriores da intérprete já indicavam tais atributos, mas eles nunca estiveram tão evidentes quanto no show de Coração a Batucar, apresentado ontem para um Espaço Floripa lotado. Mais tarimbada, completamente solta, bailando com um vestido de paetê verde e rosa e cabelos soltos, Maria Rita domina o palco como ninguém.

“Eu não nasci no samba/Mas o samba nasceu em mim” foi assim, meio explicando sua relação com o estilo que Maria Rita abriu pontualmente o show. A música batizada de É Corpo, é Alma, é Religião foi de fato escrita para Maria Rita por Arlindo Cruz, Rogê e Arlindinho. Alternando canções do novo e sexto álbum Coração a Batucar com Samba Meu, o primeiro álbum dedicado ao samba da cantora, de 2007, Maria Rita fez um show pra dançar. Entre os bons momentos, a interpretação de Saco Cheio e No Meio do Salão. Resolvida, em Mainha me Ensinou, letra dela, Maria Rita canta: “Ainda me lembro com clareza, o que mainha me ensinou, a respeitar a natureza, pela fartura sobre a mesa, agradecer ao criador, sempre andar num bom caminho”.


Na metade final, ela pede aos espectadores das cadeiras em frente ao palco que levantem e tudo vira Carnaval com Do Fundo do Nosso Quintal e Tá Perdoado, ambas de Arlindo Cruz.

Os críticos alegam que Coração a Batucar traz “sobras” de Samba Meu. Na verdade, para o ouvinte um pouco mais atento, o álbum tem momentos bem diferentes e mistura ao samba outros ritmos, como o jazz. Já no palco, acompanhada por ótimos músicos – destaque paraDavi Moraes (marido de Maria Rita e filho de Moraes Moreira, na guitarra), Alberto Continentino (baixo) e Rannieri Oliveira (teclados), fica óbvia a maturidade e a autoconfiança do novo momento.


Momento clichê: é, realmente, inevitável lembrar de Elis. O requebro dos quadris, os braços balançantes no ritmo da música e a sempre presente emoção. Indignada, irônica, fogosa ou faceira, todos os humores passam pela interpetração da artista, que faz o show parecer muitos mais do que um momento para apreciar acordes ou timbres. No quesito palco, Maria Rita não tem concorrentes.



Dica boa: Maria Rita segue em Santa Catarina.
Neste sábado às 20h, ela abre o Festival de Música de Itajaí

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