MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO
Desde que surgiu para o público brasileiro, em 2002, Maria Rita evitava se deparar com o repertório da mãe.
Só agora, com carreira consolidada, ela se sentiu confortável para a empreitada. Depois de passar por Rio, Porto Alegre, Recife e BH, o show "Viva Elis!" chega a São Paulo, em única apresentação, no sábado (5).
Folha - Por dez anos, você evitou o repertório da Elis. Agora, que a turnê chega à reta final, pergunto: doeu?
Maria Rita - Não me arrependo de não ter me aproximado da minha "mãe-cantora" nestes dez anos de estrada, mas essa distância era muito cruel. Ela é minha mãe antes de ser a Elis. Confesso que pensei que eu fosse sofrer e chorar mais. Mas estou leve. Como se um pedaço de mim tivesse se reencontrado. A maturidade do público em saber discernir e aceitar as semelhanças e as diferenças ficou mais gritante nesse período.
Agora você falou como filha. E como cantora?
Não é coisa pequena encarar esses hinos, ainda mais porque viraram hinos na voz dela. Eu me apeguei demais ao repertório, isso é fato. Entendi melhor a genialidade da cantora Elis Regina durante os ensaios, entendi melhor aquele momento glorioso da música nacional. Entendi melhor algumas letras, me encontrei em tantas outras.
A intenção era reforçar a lembrança de Elis nos ouvidos do Brasil. Dá para medir a eficiência dos shows nisso?
O retorno imediato das pessoas nas redes sociais é emocionante. Estou salvando todos os comentários sobre ela que jogam no meu Twitter para compilar um dia e guardar --para ela.
O que eles dizem? E o que você mais tem ouvido na imprensa, nas redes sociais, do porteiro do prédio...?
O porteiro do meu prédio disse que não quer mais saber de Iron Maiden, só quer ouvir "Madalena". As redes sociais me colocam em contato com a neta e a avó que foram juntas ao show, com o garoto de oito anos que implorou para o pai criar um perfil no Twitter para poder falar comigo. Isso me toca. A única bobagem que li foi que teria me inspirado num figurino de show de minha mãe para o meu próprio --o que não é verdade. Afinal, não estudei Elis para esse show. Eu apenas a ouvi.
MARIA RITA
QUANDO: no sábado (5), às 15h
ONDE: parque da Juventude (av. Cruzeiro do Sul, 2.630, próx. à estação Carandiru do metrô)
QUANTO: grátis
CLASSIFICAÇÃO: livre
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