quarta-feira, 16 de maio de 2012

Maria Rita, aos fãs

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                                                     Ao fim da turnê do Projeto Nivea Viva Elis, Maria Rita escreve uma carta a todos os fãs. Leia a seguir:

Acabou. Mais uma etapa. Domingo, 13 de maio de 2012, Dia das Mães, encerramos nossos 5 shows em homenagem à minha mãe, Elis Regina. Foram cinco shows abertos ao público, em cinco cidades diferentes: Porto Alegre (cidade de nascimento dela, a cidade da estreia); Recife; Belo Horizonte; São Paulo (a cidade de escolha dela); e Rio de Janeiro. Foram centenas de milhares de pessoas no total. Pessoas generosas, abertas, curiosas, saudosas. Sensacional. Era justamente disso que eu precisava. E que ela merecia.

A plateia me surpreendeu de novo. E de novo. E de novo. E de novo. E mais uma vez. Cada uma com sua particularidade. A de Porto Alegre me marcou pela paixão e orgulho inquieto da conterrânea. A de Recife me descontrolou com sua incrível musicalidade, cantando tudo e mais um tanto. A de Belo Horizonte me tocou com sua saudade e carinho. A de São Paulo, minha cidade de nascimento, me tomou pela grandeza, pela vastidão, pela sua força. E a do Rio, minha cidade de escolha, pela persistência e calor, mesmo debaixo de chuva.
Mas o que mais chamou a minha atenção foi que o meu objetivo principal se concretizou. Redescobri-la. Reapresentá-la. Relembrá-la. Sim, os “re-” são necessários porque Elis é (in)consciente coletivo. A Nivea, nossa parceira na empreitada, fez uma pesquisa de mercado meses atrás na qual um entrevistado dizia que não conhecer Elis Regina era não ser brasileiro. Eu via crianças nos colos de avós, adolescentes nos ombros dos namorados, casais dançando, cirandas se formando, braços pro ar, olhos brilhando com saudades, com amor, com compreensão. E cantoria. Muita cantoria. Aquela voz da massa me atingia, me arrebatava, me orgulhava.

E por tal receptividade, eu não esperava. Fica difícil explicar em palavras o tamanho dessa coisa toda, para mim. Me perguntaram o que ficaria comigo dessa experiência. Não tenho como saber, enquanto cantora. Talvez a certeza do tamanho dela; a certeza de que ninguém – ninguém – jamais terá esse tamanho, essa confluência de fatores que a levaram a ser o que até hoje é. Aquele pacote, difícil se repetir.

Mas como filha, como mãe, como mulher posso atestar: o que fica da experiência é um orgulho incomensurável. Sabê-la tão viva, tão presente, tão querida, tão amada, tão cantada e celebrada pela sua música, pelo seu caráter, pela sua entrega, pela sua paixão, pela sua inquietação, pela sua raiva, pelo seu amor ao país, pela sua consciência política e social e feminista, pela sua beleza, pela sua força, pelo seu pioneirismo, pelo seu senso de humor, pela sua arte, pelas suas descobertas, pela sua generosidade, pela sua afinação, pela sua dicção, pelo seu timbre.
Orgulho. Orgulho, orgulho, orgulho. Que só posso (tentar) traduzir com minhas lágrimas, diversas vezes esparramadas em cena; e meu MUITO OBRIGADA a vocês, fãs, que emanaram essa energia que a mantém viva em todos nós.

Obrigada.

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