sexta-feira, 15 de abril de 2011

Música brasileira volta ao Festival de Montreux

14/04/11 - swissinfo.ch

Revelado um dia antes por um pirata indelicado, o programa do 45° Festival de Montreux (de 1° a 16 de julho) foi comentado quarta-feira (13) diante da imprensa.

Falou-se então de Arcade Fire, de Santana, de BB King, de Liza Minelli, de Quincy Jones, de Deep Purple ou de Coolio… em Zermatt, estação de inverno, e não em Montreux! Do Brasil, virão Maria Rita, Ana Carolina e Maria Gadú.

A 1600 metros de altitude, o sol brilha e ar é fresco, embora muito menos que o calafrio experimentado pelos organizadores do Montreux Jazz Festival (MJF). Eles haviam organizado uma bela coletiva à imprensa num lugar idílico quarta-feira (13), mas um dia antes, quase todo o programa da 45ª edição circulou na internet, pirateado por um desconhecido.

Diante da imprensa, Thomas Sterchi, diretor do “Zermatt Unplugged” (um festival de rock que ocorre na famosa montanha), não esconde seu entusiasmo: “O Montreux Jazz Festival é nosso modelo”, afirma, antes de acrescentar que o MJF “inseriu a cidade de Montreux no mapa-múndi”.

Encontro de amigos

Voltemos ao século 21 que não nega os talentos do século 20. Deep Purple estará em Montreux este ano para comemorar os 40 anos de “Smoke on the Water”, com uma orquestra sinfônica e o tecladista histórico Jon Lord na mesa de mixagem, à pedido de Claude Nobs (dia 16/7). BB King convida vários artistas no palco do Auditorium Stravinsky (3) depois de tocar à maneira de um clube no dia anterior (2) na sala Miles Davis. Carlos Santana toca com John McLaughlin na abertura do festival (1°/7), 40 anos depois do disco legendário, faz um concerto “normal” no dia seguinte e toca com BB King dia 3.  Quincy Jones promete um concerto original (13) que ninguém ainda sabe como será. Resumindo, os fiéis estarão presentes. “É uma satisfação para mim, mas sobretudo une satisfação para o músico que tem a oportunidade de fazer algo que não apresentará em uma turnê mundial.

Santana e John McLaughlin, para mim, é um acontecimento extraordinário, afirma ao microfone de swissinfo.ch o fundador do festival, Claude Nobs.Outros eventos específicos de Montreux: uma homenagem ao produtor Tommy LiPuma (dia 5), com George Benson, Diana Krall, Randy Crawford, e uma noite dedicada à gravadora que fundou o hip-hop , Tommy Boy, dom Afrika Bambaata, Prince Paul, Coolio (dia 15). Tem ainda concertos mais tradicionais como Arcade Fire (dia 10), Paul Simon (14), Ricky Martin (dia 6) ou Sting (11).

Brasil está de volta

A música brasileira volta este ano, após dois anos ausente, com Maria Rita, Ana Carolina, Maria Gadú. Mathieu Jaton, secretário-geral do Montreux Jazz Festival, explicou à swissinfo.ch que “é a evolução de estilos musicais dos últimos anos e uma certa saturação na programação na sala Stravinski; talvez também não tínhamos as boas fontes para o que se fazia de melhor no novo cenário musical brasileiro; o público também estava um pouco cansado porque sempre vinham os mesmos artistas. Então demos uma parada de dois anos e lamentamos pelos brasileiros. Mas agora é um grande retorno, e de qualidade, dia 9 de julho”. Dias 9 e 10 de julho também voltam os passeios de barco no lago Léman, com música brasileira, o Brasil Tropical Boat.

Reequilibrar

Na medida em que os festivais hoje são totalmente tributários das turnês dos artistas, no que consiste a força de um festival além de seu poder de pagar bons cachês? Como ser diferente dos outros festivais? “Tentamos mostrar nossas vantagens a cada vez. É verdade que o mundo musical mudou, as turnês são muito planejadas é preciso ter chance e provocar a chance”, afirma Mathieu Jaton.  “Este ano, observe que Santana consagra três dias a Montreux (1°, 2 e 3 de julho), datas em que ocorrem vários festivais europeus. Isso é devido à amizade. O caso de Arcade Fire, mesmo se não é mesma amizade como Carlos Santana, é graças à reputação de Montreux no mundo, à qualidade do festival, o acolho dos artistas que Claude Nobs sempre cultivou, que isso é possível”, acrescenta. Muitas estrelas, menos descobertas e de escolhas “aventurosas” e um certo reequilíbrio entre as duas principais salas, o Auditorium Stravinsky e o Miles Davis Hall, são as características dessa 45ª edição.A causa dessas mudanças é a vontade de melhor rentabilizar as duas salas, dando a ambas um prestígio similar – Liza Minelli, pela primeira vez em Montreux – se apresenta na Miles Davis, equipada de cadeiras e mesas (dia 15).

A programadora do Miles Davis Hall, Laura Immi, defensora de músicas mais modernas, saiu em 2010. “Não estamos mais em concorrência entre as duas salas. Agora há osmose entre ambas”, afirma Claude Nobs, que agora essencialmente com a programadora Michaela
Maitherth.

Trata-se de um processo global iniciado em 2007, segundo Mathieu Jaton: “Um reequilíbio das atividades entre as duas salas e um papel importante do Montreux Jazz Café, em Montreux mas também seu desenvolvimento internacional”. De fato, na forma de franquia, os cafés se espalham: depois de Genebra, Sydney e Zurique, um Montreux Jazz Café será aberto em 2012 na Gare de Lyon, em Paris. Londres e New York também deverão acompanhar.

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