sexta-feira, 15 de abril de 2011

Maria Rita Voz e emoção

15/04/11 - Jornal O Norte

A busca da alegria como forma de encontrar um estágio transitório de pura emoção. Após o "solar" show Samba Meu, que não passou por João Pessoa, a cantora Maria Rita retorna à capital para apresentação na noite de hoje, a partir das 22h, na Praça do Povo da Fundação Espaço Cultural José Lins do Rêgo (Funesc), em Tambauzinho. O show sem nome, segundo a cantora, é uma celebração à música e à vida e se pudesse ser resumido a uma palavra seria: emoção. O que vai nortear o show é o desejo de estar no palco cantando canções que a levaram ao patamar de grande intérprete entre as cantoras da nova geração.

Maria Rita será acompanhada por Thiago Costa (piano), Sylvinho Mazzucca (baixo acústico) e Cuca Teixeira (bateria) para apresentar o repertório baseado nos CDs Maria Rita, Segundo e Samba Meu. O show deve contar com números de "Cara Valente", "Encontros e Despedidas", "Pagu" do primeiro CD além de "Muito Pouco", "Caminho das Águas, "Casa Pré-fabricada", "Conta Outra" do disco Segundo e "Soledad", canção que gravou a convite do cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler. O ar de leveza no show deve vir de "Num corpo só", "O que é o amor" e "Cria".

O critério para a escolha das músicas está relacionada com o próprio sentido e intenção dessa série de shows que após três discos une a Maria Rita intimista do primeiro disco a toda cheia de ginga do mais recente trabalho com samba. "Não sou muito de comparar turnês porque os momentos são tão distintos...mas diante da sua colocação diria que o show se aproxima mais do Segundo, quase que obrigatoriamente. É um tanto de músicas que eu não sei mais subir a palco sem, é um tanto outro de canções que eu sei que o público gosta de ouvir, um tanto outro de canções que há muito não cantava e mais um tanto que eu nunca gravei, mas que cantarolo pela casa desde sempre. Ou seja, com total desprendimento. Me entrego de maneira diferente nesse show. É mais emotivo, talvez. Não sei explicar muito bem", pontua Maria Rita em entrevista a O Norte por e-mail.

Após três discos e DVDs, Maria Rita tem conseguido mostrar a diversidade do que a interessa musicalmente, embora as comparações erroneamente ainda recaiam sobre o nome da mãe Elis, aliás, comentário que ela trata com certo distanciamento e até bom humor. "É difícil de entenderem, mas a Elis não é muito uma influência para mim como cantora; eu não ouço Elis porque me dói. Porque, para mim, ela é, antes de mais nada, a minha mãe. Quando eu ouço Elis cantar, é a filha que quer colo da ausente mãe que a ouve, e não a 'colega'. E eu encaro isso de uma maneira muito natural. E eu faço sim essa distinção entre uma e outra, senão não seguro a onda, não", revela.

O show que o público de João Pessoa verá é transitório entre o final da bem sucedida turnê do Samba Meu e o vazio que será preenchido mais adiante pela vontade de refletir e gravar coisas novas. "Eu sinto que a música me encontrou, depois de eu muito fugir dela... um dia entendi que sem a música, sem o cantar, eu não sobreviveria - ou melhor, eu apenas sobreviveria. A música me completa, ela me alimenta a alma e o estômago, ela me salva de mim mesma. Eu sou apenas um canal pelo qual as pessoas podem, talvez, se encontrar um pouco ou se perder por completo, aliviar alguma dor, alimentar alguma raiva, se compreender melhor. Fazer parte da trilha sonora de quem me dá esse espaço é uma honra", disse.

Ainda sem previsão de entrar em estúdio para gravar novo CD, Maria Rita deve circular com show em 2012 em lembrança aos 30 anos de morte de Elis dentro de um projeto maior chamado Descobrindo Elis, que prevê site, relançamento de discos e exposições em homenagem a Pimentinha. Até lá ela vai se "salvando" através da música porque a alegria essa ela descobriu faz tempo e se tivesse um ritmo, teria suingue e um tanto de ironia. "Eu sou bem ácida, meu senso de humor é ácido. Eu não sei fazer dramalhão das minhas dores e não tenho problema algum em ri de mim mesma, apesar de ser intensa", reforça. Se alguém duvida disso, é só ficar atento na interpretação de logo mais para"Muito Pouco", de Moska.

Músicas/ Autores

01) CONCEIÇÃO DOS COQUEIROS - LULA QUEIROGA

02) SANTANA - JUNIO BARRETO

03) CAMINHO DAS ¡GUAS - RODRIGO MARANH_O

04) PERFEITAMENTE - FRED MARTINS E FRANCISCO BOSCO

05) SOLEDAD - JORGE DREXLER

06) CASA PRE-FABRICADA - LOS HERMANOS

07) TRAJETORIA - ARLINDO CRUZ / SERGINHO MERITI / FRANCO

08) O QUE É O AMOR - ARLINDO CRUZ / MAURICIO / FRED CAMACHO

09) CRIA - SERGINHO MERITI / CESAR BELIENY

10) NUM CORPO S" - ARLINDO CRUZ

11) CONTA OUTRA - EDU TEDESCHI

12) CARA VALENTE - MARCELO CAMELO

13) MUITO POUCO - PAULINHO MOSKA

14) PAGU - RITA LEE / Z#LIA DUNCAN

15) SÓ DE VOCE - RITA LEE / ROBERTO DE CARVALHO

16) HISTORIA DE LILLY BROWN - EDU LOBO / CHICO BUARQUE

17) NAO VALE A PENA - JEAN GARFUNKEL / PAULO GARFUNKEL

18) ENCONTROS E DESPEDIDAS - MILTON NASCIMENTO / FERNANDO BRANT

19) NÃO DEIXE O SAMBA MORRER - EDSON CONCEIÇÃO / ALOISIO SILVA

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