domingo, 13 de junho de 2010

Sobre o que não sabia de Maria Rita

08/06/10 - blog Marcus Histórico

As pernas são mais grossas, ela é mais alta, menos tímida, mais performática. Os olhos são negros, ligeiramente estrábicos, míopes. Os seios não são fartos, a bunda não é o da estereotipada mulher brasileira. Os cabelos não são curtos, nem longos e nem lisos. Não estão pretos e não estavam soltos.

Maria Rita não é magra, não tem o perfil atriz-modelo e não é burra. Pouca maquiagem e um delicioso vestido curto. No corpo, com cuidado, vêem-se as tatuagens: próximo a orelha esquerda, no pulso esquerdo, acima do pulso direito. Celulites nas pernas são traços humanos.

Sobre sua vida disse que cresceu ouvindo jazz. Nem era para ser diferente. No mais, o resto que todo mundo já sabe. É filha de Elis Regina e César Camargo Mariano, que dispensam comentários, e irmã do cantor Pedro Camargo. Por talento próprio consagrou-se cantora no Brasil e fora dele. Poucos CDs gravados e muitas premiações, incluindo vários Grammys Latinos.

Festival - O show apresentado no Festival de Inverno de Pedro II foi tudo o que se esperava de um talento amadurecido em suas escolhas musicais. “Este show não vai virar cd, não vai virar DVD, de forma que o show é nosso, só para nós”, disse ao público no início de sua apresentação.

Com dores no pé e de salto, Maria Rita dançou, fez trejeitos, interpretou mulheres e homens do cotidiano brasileiro, que amam e são abandonados e cantam suas dores de cotovelo. Fez caras e bocas. Entreteu e se divertiu durante o ato de ofício de sua profissão.

No palco recebeu flores arremessadas pelo público e agradeceu o delírio de quase vinte mil pessoas que lotaram a Praça Borneles, no centro da cidade. Poucas vezes uma artista foi tão respeitada por um público num festival. Ao longo da apresentação, a hora de calar, de ouvir e a de cantar. “Demorou, mas tá perdoada” lia-se num cartaz erguido por um rapaz na platéia.

Maria Rita, não leu, não pediu perdão, nem licença. Também não concedeu entrevista aos jornalistas. Disse tudo do alto, na lata, no palco durante o show e à queima roupa, olho nos olho, fazendo o que disse: um grande show só para nós.

Texto e foto: Marcus Saldanha

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