sábado, 12 de junho de 2010

Com espetáculo, Fause Haten mostra a melhor coleção do SPFW até agora

12/06/10 - Closet On Line

Tive a sorte de ver e escrever sobre o desfile de Fause Haten na edição passada do SPFW, quando o mesmo emocionou a todos cantando ao vivo a trilha do desfile. Comecei meu texto de então dizendo "Fause Haten é um artista. Isto posto, vamos falar de moda." (clique aqui para ler). Penso agora, "Meu Deus! Como escrever sobre mais um espetáculo de Fause Haten?" Porque sim, os privilegiados que puderam estar dentro da Sala 1 do SPFW foram acariciados por Fause não com um desfile, mas com um espetáculo.

O cuidado do desfile-show começava com as rosas amarelas deixadas como mimo para todos os presentes na sala de desfiles. Na primeira fileira, várias celebridades de verdade, como Maria Rita, e nenhum presentinho enrolado em um pedaço de pano dentro de uma ecobag. Não é isso que atrai as pessoas aos desfiles de FH, é seu talento.

Com as luzes todas apagadas, telas de LCD espalhadas pela sala de desfiles começaram a exibir imagens estilizadas do rosto de Fause recitando os famosos versos da música Sympathy For The Devil, dos Rolling Stones.
Please allow me to introduce myself
I'm a man of wealth and taste...
Palavras muito apropriadas.

Da declamação passou-se à música, cantada pelo estilista, e à entrada das modelos. Aos poucos, algumas delas subiam em plataformas e ficavam espalhadas pela passarela. Após a entrada do último look, o fundo da passarela se abriu, revelando uma banda capitaneada pelo estilista, que usava uma máscara de espelhos e entoava os primeiros versos de Staying Alive. A platéia veio abaixo e não se conteve quando as plataformas em que estavam as modelos começaram a girar e o palco movimentou-se para a frente da passarela, acompanhando a última entrada dos looks. Aplaudido de pé, e novamente sob uma chuva de rosas, Fause consagrou-se como o grande destaque do dia, e minha aposta certeira para melhor coleção desse SPFW.

Na nova coleção, Fause trouxe de volta sua incursão pelo entendimento da individualidade. Enquanto em sua coleção passada isso era traduzido pelo "caos" em novas formas de construção da indumentária, nunca antes tentadas, nesta nova coleção, com a idéia do "híbrido", o estilista nos propôs a reflexão sobre a desconstrução de duas (ou mais) individualidades que tendo suas partes recombinadas criam uma nova individualidade.

Assim ele fez com suas criações. Após construir os looks da coleção, os descosturou, cortou, partiu e recombinou suas partes criando novos looks. Em uma mesma peça vemos aplicações da frente de uma roupa com a parte de trás de outra, a saia de outra ainda, mangas de camisas e assim por diante.

O resultado são peças interessantíssimas e bonitas, incrivelmente utilizáveis. A cartela de cores e a gama de tecidos são muito variados, acompanhando o mesmo raciocínio. Mas não se engane, a variedade é coesa e harmônica. Destaque para os lindos bordados de predarias.

Uma ótima proposta de Fause é não cair na armadilha da facilidade das famosas "releituras", sejam de épocas, nacionalidades ou temas, que como ele mesmo diz, deixam a coleção datada (parece isso, parece aquilo...). O que ele tenta (e consegue) é fazer uma moda de hoje, com identidade e personalidade, características cada vez mais escassas em tempos de celebridades instantâneas e do politicamente correto.

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