quinta-feira, 29 de abril de 2010

“Samba meu”, de Maria Rita atrai novo público para o samba

Ocê no Samba

Comecemos pelo “chover no molhado”. Maria Rita estará em BH no próximo domingo, dia 2 de maio para apresentar pela última vez o show do CD “Samba meu”, lançado em 2007 em que ela faz uma mescla de leituras próprias com composições inéditas de vários artistas novos, como Edu Krieger, parceiro de Aline Calixto nos palcos e nas composições também. Já há uma intensa movimentação dos fãs para ir ao show da moça no Chevrolet Hall, que começa às 20h. Pronto, vocês sabem como onde será o show, quando e até quem vai cantar. Vamos tentar agora ver como Maria Rita Camargo Mariano enxergou o samba em “Samba meu”. Como será que ela resolveu partir para a arte do batuque.

Há, quem for fã não fique pensando que iremos lembrar sistematicamente que Samba meu, terceiro disco de Maria Rita coincide com o terceiro disco de sua mãe, Elis, também de sambas. Como ela mesmo disse no lançamento desse CD, “Ih, já vem alguém achar que eu estou na cola da pobre da mulher de novo”, brincou à época da coletiva sobre o disco. Não, Maria Rita e fãs. Coincidências estão aí para nosso máximo serem citadas e não exploradas até o infinito. Voltemos. O samba surgiu na vida da cantora quando ainda morava fora do Brasil e dizia que era saudosismo escutar samba. Ela ouvia até Fundo de Quintal. Mas, como o samba não conquista, arrebata as pessoas quando o ouvem e o sentem, a dona dos cabelos anelados também não resistiu. “Quando eu era pequena ouvia algumas coisas, como Fundo de quintal. Mas quando morei nos EUA, ouvia para matar a saudade mesmo, era puro saudosismo. Ouvia uma compilação de sambas do Chico Buarque, Discos do Gilberto Gil, aí comecei a gostar”, explicou em entrevista ao Portal Terra.

Outra revelação da moça é que não se achava com cacique o suficiente para definir o samba atual. Muito válido a visão dela, pois mesmo os que não apreciam a forma de cantar, ou insistem em tentar achar uma comparação com a mãe que é uma bobagem de fãs da Elis e da mídia que querem recriar sempre uma nova versão do passado, sem modificá-lo. Há uma leitura mais justa quanto ao trabalho da moça. Claro que haverá semelhanças, o DNA dos pais normalmente deixa em seus descendentes traços. E, ainda bem que o samba tem recebido atenção mais especial de artistas do “Grand Monde” nacional. Assim, parte da população que teimava em taxar o samba como obra de segunda categoria, pode perceber em seus cantores e cantoras favoritos que eles respeitam e admiram a arte do batuque.

É nesse contexto que “Samba meu” se encaixa. A proposta de ser um marco, ou um estandarte do samba nunca foi ventilada, todavia acaba trazendo uma leitura que nem é tão antiga assim em nossa música quando grandes vozes brasileiras resolvem cantar canções dos sambistas e dão outra roupagem sem perder o essencial que é a ginga e a melodia de poucos acordes e ainda sim genial. A mistura de samba com outros estilos musicais está aí e veio para ficar. E em “Samba meu” há, além da mistura de instrumentos, há o surgimento de novos artistas(que ganharam um empurrão na carreira depois de parceria com Maria Rita) e de apresentar o samba a um público que não estava habituado por não ver a beleza das letras e melodias. O já citado Edu Krieger é o caso mais próximo e emblemático de parceria vitoriosa. Todos prestaram atenção no trabalho do rapaz depois da canção Maria do Socorro.

Dito tudo isso, sentenciamos sem medo: Maria Rita não negligenciou o samba ou o tratou de forma errônea por um simples motivo: ela não fez o CD para virar uma sambista. Fez uma experiência musical com um estilo recheado de poesia e clássicos da nossa cultura e os leu conforme suas influências e gostos. Por isso que não há um ponto ruim em ouvir ela cantando samba. Ela não se definiu como sambista. Seria um erro cravar isso visto que no Brasil sempre temos um traço de samba na alma. E ainda trouxe uma leva de pessoas para conhecer os novos compositores em que ela apostou e para levar clássicos a quem porventura não conhecia por pura falta de interesse. A velha ligação da música feita apenas pela voz do cantor e não do conjunto todo formado por compositores, músicos e cantores.

Uma frase explica bem essa ideia de transitar entre vários estilos musicais que pode trazer gente nova para conhecer o samba por exemplo. “O samba está vivo, mais forte do que nunca e admito que quero ajudar os jovens a ouvir música brasileira”. Argumento mais do que válido que afasta quem for crítico a ponto de não aceitar a mistura de ritmos, vozes e instrumentos na música, e em nosso caso especial, no samba. Como os show de “Samba meu” foi um sucesso por onde passou, sua missão parece ter sido cumprida. Trazer um público muito influenciado por bens simbólicos vindos de fora para conhecer e quem saber apreciar nossa produção cultural em geral.

- Maria Rita
Local: Chevrolet Hall
Endereço: Avenida Senhora do Carmo, 230 , Savassi
Horário: 20h
Cadeiras numeradas - setor único:
1º Lote: R$100,00 - inteira / R$50,00 - meia-entrada
2º Lote: R$120,00 - inteira / R$60,00 - meia-entrada
Pista/Arquibancada:
1º Lote: R$70,00 - inteira / R$35,00 - meia-entrada - 500 ingressos
2º Lote: R$80,00 - inteira / R$40,00 - meia-entrada
Informações: (31)3209.8989
Cartões: Visa e Mastercard

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