12/02/10 - O Globo
RIO - O carnaval do Rio ainda é mais conhecido pelos grandes desfiles das escolas de samba que brilham na Sapucaí. Mas o crescimento da festa de rua nos últimos anos já faz com que o público nos blocos cariocas supere o das agremiações em Salvador. Enquanto o carnaval baiano deve atrair cerca de dois milhões de pessoas para os circuitos Osmar, Dodô e Batatinha, com 234 blocos e trios elétrico, autoridades cariocas estimam em 2,5 milhões o público de 465 grupos espalhados pela cidade. O desafio agora é mostrar que conseguem passar no teste de fogo da organização. Quase a metade desses blocos sairá este fim de semana. Ao todo, 217 (106 neste sábado e 111 no domingo) estarão nas ruas, incluindo o Cordão da Bola Preta, o maior de todos, num desafio para os esquemas de segurança e controle urbano - que inclui desde a fiscalização do comércio ambulantes à repressão a quem urina em vias públicas.
- Com o nível de organização que alcançamos, ninguém precisa mais ir para Salvador para brincar o carnaval de rua. E com vantagens: a pessoa pode brincar livremente, sem precisar comprar abadá. Além disso, os blocos não ficam restritos a poucas regiões, como em Salvador. Aqui, há opções desde Santa Teresa, passando pela Barra da Tijuca e as zonas Norte e Sul - disse o presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes, Alexandre Sampaio.
(veja a programação completa dos blocos de rua neste fim de semana)Outras estatísticas ajudam o Rio. Nesta sexta-feira, a Secretaria de Turismo da Bahia divulgou que o número de visitantes esperados em Salvador chegará a 400 mil. Já a Riotur estima que por aqui serão pelo menos 730 mil. Mas Sampaio acredita que este número possa chegar a 1,4 milhão:
- Os dados oficiais tomam como base informações de hóspedes que se registram em hotéis ou ficam em transatlânticos. Mas muita gente, ao visitar o Rio no carnaval, fica na casa de parentes. Muitos desses visitantes não vão para o Sambódromo. Na certa, estão aproveitando os blocos.
Guardas terão armas de choqueNa prefeitura, a maior preocupação dos organizadores da Operação Choque de Ordem é com o Cordão da Bola Preta, que desfila neste sábado no Centro. A estimativa é que até um milhão de pessoas (20% a mais que em 2009) saia no bloco, que se concentra a partir das 7h na Cinelândia. Os organizadores do cordão sonham mais alto. Eles acreditam que os foliões possam chegar a 1,5 milhão. O desfile, na Avenida Rio Branco, começa às 9h30m. Entre as atrações, estão Neguinho da Beija-Flor, a atriz Leandra Leal (que será porta-estandarte) e a cantora Maria Rita (madrinha).
A Guarda Municipal terá no desfile 20 agentes com teasers (armas que emitem choque elétrico). As equipes devem chegar ao Centro a partir das 6h. Os teasers também estarão à disposição dos agentes em outros blocos, como o Simpatia É Quase Amor.
Outra "arma" para a segurança será a nova plataforma de observação da guarda municipal, que permite aos agentes vigiarem o público do alto. Por sua vez, a Dream Factory, empresa contratada pela prefeitura para cordenar a infraestrutura do carnaval de rua, vai instalar 400 banheiros químicos no trajeto do Cordão da Bola Preta. Já a Comlurb vai repetir a estratégia adotada no desfile do Suvaco do Cristo no último fim de semana. Funcionários da empresa aplicarão na rua, após a passagem do Cordão da Bola Preta, um detergente perfumado para eliminar o cheiro de urina.
- Com 217 blocos nas ruas em um fim de semana, incluindo Bola Preta, Simpatia é Quase Amor e Ban$de Ipanema, tudo que nós fizemos até agora, para manter a festa organizada sem perder a alegria, foi um ensaio - disse o secretário de Ordem Pública, Rodrigo Bethlem.
Presidente de bloco pede atenção a 'currais VIP'O desfile do Bola Preta também foi tema de uma reunião no 13º BPM (Praça Tiradentes) na quinta-feira. O presidente da agremiação, Pedro Ernesto, disse que, devido ao aumento de público, pediu às autoridades especial atenção não apenas para os ambulantes, mas para grupos que cercam espaços nas calçadas, formando áreas VIPs, até com banheiros químicos próprios. Segundo ele, nesses locais, são servidas feijoadas, por exemplo, e o acesso é controlado por convites.
- Eles fazem piquenique no meio do bloco. Tem gente até que sinaliza espaços na calçada, chamando de áreas VIP do Cordão da Bola Preta. Se isso acontecer este ano, como esperamos mais público, pode se tornar um problema sério - disse Pedro.
A direção do Cordão da Bola Preta também vai colaborar com o esquema de segurança. Ao todo, 150 homens foram contratados para deixar a passagem livre para o bloco, que pela primeira vez terá um trio elétrico de grande porte.
Nesta sexta-feira, as equipes da Operação Choque de Ordem já tiveram que se desdobrar para acompanhar um total de 36 blocos. No início da noite, no Leblon, uma das atrações foi o Sapucapeto, liderado pelo músico Leandro Sapucahy e pela estilista Isabela Capeto.
Já o Bloco das Carmelitas arrastou cerca de dez mil pessoas pelas ladeiras de Santa Teresa, segundo estimativas da prefeitura. Em clima familiar, o grupo reuniu de jovens a idosos, além de muitos turistas estrangeiros, como o norueguês Yarre Tjanga, que, de câmera na mão, fotografava o desfile sem parar. Sem ambulantes no meio do caminho, os foliões passaram duas horas sambando. A todo momento, repetiam o refrão "Santa Teresa é alegria". Mas, para alguns, o clima não foi só de samba, suor e cerveja: a 7ª DP (Santa Teresa) ficou lotada de gente querendo registrar roubo, furto e perda de celulares e carteiras. Chegaram à delegacia pelo menos 15 casos de furto e dez de extravio.
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