quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O direito a cultura, artes e esportes

03/09/09 - DCI

Como administradores, cabe-nos arregimentar as condições, prover os recursos e azeitar a estrutura para tais programas

A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte." Os versos do grupo Titãs sintetizam um conceito que todo administrador público contemporâneo deve seguir ao elencar suas prioridades. Ao lado de saúde, educação, transporte, geração de empregos e segurança, organizar o acesso a bons espetáculos e atrações, de maneira a que a população possa ocupar os espaços públicos, constitui tarefa que não apenas contribui para o progresso social como exerce papel substancial no fomento ao crescimento sustentável das cidades.

Orígenes Lessa, contista e romancista, chegou a condensar as aspirações humanas mais básicas, entre as quais a propensão para as artes e atividades lúdicas, em seu famoso livro O Feijão e o Sonho. Não se vive em plenitude na falta de um ou do outro. Além disso, diversão, artes e esportes possuem importância inegável no sonho a que todo brasileiro tem direito. Este sonho, porém, não se resume a algo que se desmancha no ar. Assume concretude em torno de algo fundamental para qualquer povo: a cultura, sem a qual não se alcança a plenitude do desenvolvimento em uma sociedade.

Sobretudo em um país como o Brasil, cuja formação é decorrente da mais exuberante diversidade de etnias, propiciar os meios para disseminar esta riqueza cultural é contribuir para elevar a cidadania. Na cidade de São Paulo, que agrega um contingente de 11 milhões de pessoas cuja família tem origem em um alentado grupo de países e povos que, vale frisar, convivem em perfeita harmonia, o administrador público não pode fugir a essa tarefa.

Ante o caráter sociocultural da maior metrópole brasileira, estou convencido de que a promoção da Virada Cultural na cidade de São Paulo se consolida como um dos projetos de maior sucesso na administração pública de nosso país. A razão é simples: vai ao encontro direto das emoções dos munícipes. Basta ver os dados. A última edição da Virada, a quinta, reuniu um público de mais de 4 milhões de pessoas, paulistanos e turistas que desfrutaram de mais de 800 atrações de todo tipo e para todos os gostos. De concertos de música erudita a shows de artistas populares, a programação do evento procurou preencher todas as demandas.

E, ao lazer e à arte, somou-se o ganho econômico para a cidade, caracterizado pelo movimento de restaurantes, bares e até bancas de jornal e farmácias, resultando em forte incremento ao comércio. Com essa alavancagem, além do ganho na promoção da cidadania, os ganhos econômicos foram bem superiores ao investimento de R$ 5 milhões, feito pela Prefeitura. A Virada Cultural, para quem duvidava do seu sucesso, vem superando, a cada edição, as expectativas mais otimistas. Sua primeira edição, em 2005, somou um público de 300 mil pessoas; no ano seguinte, este número quintuplicou, chegando a 1,5 milhão de participantes. A partir de então, não parou de crescer. Foram 3 milhões, em 2007, e 3,5 milhões no ano passado.

Nesta última edição, o público, ao longo de 24 horas, participou de performances musicais e intervenções artísticas nos mais variados cenários: os 42 Centros Educacionais Unificados, as unidades da rede Sesc, nos museus administrados pela Secretaria Municipal de Cultura, no Teatro Municipal e, especialmente emblemático, em palcos de rua que receberam talentosos e populares artistas, representando a diversidade de nossos gostos e a pluralidade cultural.

A Virada Cultural foi uma iniciativa do então prefeito da capital, José Serra, que, ao assumir o Governo do Estado, passou a multiplicar o evento em várias cidades do interior de São Paulo. Talvez a excepcional intérprete que é Maria Rita, ao final de seu último show na nossa cidade, tenha resumido o significado da iniciativa: "Um presente de São Paulo" aos artistas pela resposta e empatia do público aos eventos.

Compartilho desse sentimento. Conservo as mesmas expectativas em relação à Virada Esportiva que ocorre em São Paulo. Nos mesmos moldes da Virada Cultural, a Esportiva preencherá 24 horas, nas quais se prevê a participação na terceira edição de cerca de 3 milhões de pessoas. A cidade se transformará em um gigantesco campo para a prática dos mais diferentes esportes, e a ênfase será na região central, não apenas por seu significado histórico, mas pela facilidade de acesso. A terceira edição da Virada Esportiva foi programada para 350 locais, com mais de 2 mil atividades.

Desse modo, São Paulo se firma como um polo dos mais importantes do mundo em matéria de grandes eventos de massa, lembrando que, em 2008, ultrapassamos, na Virada Esportiva, 2 milhões de pessoas em mais de 700 atividades, distribuídas em 300 locais. São números ascendentes que não causam surpresa.

E a nossa disposição continuará sendo a de procurar, a cada evento, fórmulas mais plurais, abertas e participativas, capazes de atrair o interesse de uma das populações mais cosmopolitas do planeta. Cabe-nos, portanto, como administradores, arregimentar as condições, prover os recursos e azeitar a estrutura para que os programas culturais, esportivos e artísticos de São Paulo estejam situados entre os mais considerados das metrópoles mundiais. Este o compromisso assumido perante nossa comunidade.

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