quarta-feira, 29 de julho de 2009

Um tributo para Wilson Simonal

28/07/09 - Época

O documentário “Simonal, ninguém sabe o duro que eu dei", de Claudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer, lançado em maio deste ano, ajudou a sacudir a poeira da carreira do cantor. Prova disso é que no próximo dia 11 de agosto, no Rio de Janeiro, Simonal ganhará um tributo, batizado de “Baile do Simonal”, com direção musical de seus filhos Max de Castro e Wilson Simoninha. O show será gravado para ser lançado em CD e DVD ainda este ano pela gravadora EMI.

A lista de convidados inclui nomes como Maria Rita, Caetano Veloso, Paralamas do Sucesso, Marcelo D2, Lulu Santos, Roberto Frejat, Rogério Flausino, Alexandres Pires, Exaltasamba, Sandra de Sá, Samuel Rosa, Diogo Nogueira, Seu Jorge, Fernanda Abreu, Orquestra Imperial, além dos dois filhos do cantor.

Max de Castro, responsável pelos arranjos da apresentação, faz mistério sobre o repertório completo da apresentação, mas adianta alguns números: os Paralamas cantarão "Mustang cor de sangue”, D2 vai de "Nem vem que não tem", Mart’nália deve cantar o hit "Mamãe passou açúcar em mim" e Samuel Rosa ficará com “Carango”.

Max se diz contente com a adesão dos artistas ao tributo. “Além de sentir a empolgação de todos em participar do projeto, eles fizeram questão de demonstrar sua relação com o trabalho do Simonal”, diz Max, que cita Lulu Santos como um dos mais animados. “Ele me disse que o primeiro disco que ele comprou na vida foi 'A nova dimensão do samba' (segundo álbum de Simonal) e que ele estava na plateia do histórico show do Maracanãzinho (quando Simonal fez uma multidão cantar 'Meu limão, meu limoeiro')”. Aliás, Lulu é o único artista que fará seu próprio arranjo para a apresentação.

Uma apresentação dessas faz pensar como seria oportuno que o mesmo tivesse acontecido enquanto Simonal ainda estava vivo, tentando sair do ostracismo. Max concorda, mas diz não culpar a classe artística da época pelo exílio involuntário do pai. “Naquela época, a barra era pesada e as pessoas não tinham informações concretas do que realmente tinha acontecido com ele. Como tudo era meio confuso, as pessoas acabaram se afastando mais pela duvida do que pela certeza”, afirma.

O documentário sobre a vida do cantor, que já está na 12ª semana de exibição e teve cerca de 70 mil expectadores, cumpre, de certa forma, o papel de reabilitar a figura de Simonal. O filme trouxe de volta, e apresentou aos mais jovens, a sua música, além de relembrar momentos históricos da carreira do cantor, como a sua apresentação ao lado de Sarah Vaughan, na década de 60.

O filme também serviu para aparar algumas arestas da vida de Simonal, como o episódio que envolveu uma surra que o cantor teria mandado amigos policiais aplicar em seu contador, a quem Simonal acusava de roubo. O fato, ocorrido em plena ditadura militar, ganhou proporções gigantescas e o cantor foi acusado de ser informante dos órgãos de repressão do governo. Os amigos se afastaram e a carreira de Simonal praticamente acabou.

De qualquer forma, todo esse barulho em torno da obra de Simonal anima Max de Castro. “Quem não o conhecia fica muito impactado. Quem viveu na época, emociona-se. Imagina que maravilha que é você descobrir, de repente, um 'Ray Charles' ou um 'Marvin Gaye'", afirma o músico. “Pena ele não estar aqui para poder presenciar isto”.

Além do lançamento do tributo em CD e DVD, a EMI vai colocar novamente nas lojas uma caixa com os CDs que o artista fez pela gravadora de 1961 a 1971. Um outro lançamento também deve animar os novos e velhos admiradores do rei do suíngue: um disco chamado "México 70", que só foi lançado no México durante a Copa do Mundo de 70, em que o cantor foi uma espécie de incentivador da seleção brasileira.

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