segunda-feira, 6 de julho de 2009

Chuva, samba no pé e muito atraso

No primeiro fim de semana de férias, a cidade estava movimentada. No sábado (4), nem a chuva tirou a animação do público que foi conferir Maria Rita em apresentação gratuita no Parque do Cocó. Jorge Aragão também botou a galera pra sambar na Praça Verde do Centro Dragão do Mar. Na noite anterior, foi o Cordel do Fogo Encantado que fez o público cantar junto, também no Dragão

06/07/09 - O Povo

A noite prometia ser das melhores para quem foi ao Parque do Cocó no último sábado. Na abertura do projeto Férias no Ceará, adultos, jovens, crianças, casais, famílias e amigos puderam conferir a apresentação dos cearenses da Groovytown e da estrela Maria Rita, que prometiam um show de samba e MPB da melhor qualidade. Cumpriram. Apesar da chuva insistente, o público resistiu e pode cantar e dançar muito até o fim dos dois shows, que foram repletos de clássicos novos e antigos.

As torneiras do céu foram abertas pouco antes do show da Groovytown. Ainda assim, pontualmente às 21 horas, a big band cearense subiu ao palco e ofereceu, durante uma hora e meia, um cardápio com o melhor da black music nacional. Ao som de samba-rock, samba e funk, o público resistiu bravamente à chuva e não arredou o pé do lugar. Foram todos devidamente recompensados com um repertório que passeou por Jorge Ben, Seu Jorge, Los Hermanos e Sandra de Sá.

Como a chuva não parava, houve um intervalo de quase uma hora até que a estrela da noite pudesse entrar no palco. O apresentador bem que tentou, mas não havia mais o que dizer. Alguém comentou “Ta se achando, hein, Maria Rita?”. Por sorte, alguém da técnica encontrou um CD de Michael Jackson e, enquanto ele tocou, o público esqueceu o atraso, cantou junto, bateu palma e ensaiou alguns passos do artista. “Só o Michael mesmo!”, alguém gritou.

Às 23h25min, os alto-falantes começaram a entoar os primeiros versos da dolente Samba meu, para, em seguida Maria Rita entrar deslumbrante, num vestido prateado cantando O homem falou, de Gonzaguinha. Logo na primeira música, todos já haviam esquecido a espera de mais de uma hora e receberam a artista de forma calorosa, com muitas palmas, gritos e as inevitáveis comparações com Elis Regina. “Essa é a cara da mãe dela”, comentou uma senhora ao lado.

O repertório foi tirado, basicamente, do seu último disco, Samba Meu (2007). Mas, também relembrou canções anteriores, como Pagu, A festa (ambas do disco de estreia), e Caminho das águas e Muito pouco (ambas do Segundo). A banda, afiadíssima, trazia bateria, percussão, cavaquinho, baixo acústico e um piano de cauda. E Maria Rita, esbanjando graça e simpatia, mostrou que está em excelente forma física e arrancou elogios das mulheres e assovios e comentários dos homens, nem sempre tão elegantes. Logo no início do show, ela chegou a pedir desculpas por uma crise de sinusite, que a fez tossir o tempo inteiro. Naquele momento, o que ela dissesse seria motivo para aplausos.

Despedida

Além do cenário, projeções no fundo do palco ajudavam a criar um clima para cada música. O destaque fica com a belíssima Trajetória, de Arlindo Cruz, Serginho Meriti e Franco, cujos versos sobre desilusão amorosa (”Não há no mundo lei/ que possa condenar alguém /que a um outro alguém deixou de amar”) viraram enredo para história do personagem que se desenhava atrás. Em outros momentos, tinha cores, mulatas e muito Rio de Janeiro. Como sua banda ficava ao fundo do palco, a frente do palco ficou para Maria Rita sambar, correr e teatralizar suas interpretações.

Já passava de meia-noite e meia, quando Maria Rita se despediu do público até seu retorno para o bis. Na volta, garantiu a emoção ao cantar o hino dos sambistas, Não deixe o samba morrer. Depois brincou com o clima quente de Fortaleza e pediu licença para prender os cabelos. “É muito cabelo”, comentou e, em seguida, repetiu O homem falou e Cara valente. Encerrado o bis, todos puderam voltar felizes para casa sem nem lembrar da chuva e do atraso.

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