quinta-feira, 27 de março de 2014

Depois de sete anos, Maria Rita volta a fazer um disco dedicado ao samba

O Globo

LEONARDO LICHOTE - Publicado: 26/03/14 - 6h00
Em ‘Coração a batucar’, ela é movida pela saudade e pela vontade de explorar sonoridade de sua banda

Disco reafirma amor ao samba, toca em temas pessoais e reflete sutilmente preocupações políticas da cantora Foto: Ana Branco / Agência O Globo

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RIO - Depois de viajar pelo samba a seu modo por 12 faixas de “Coração a batucar” (Universal), na 13ª, “É corpo, é alma, é religião”, Maria Rita conclui: “Eu não nasci no samba/ Mas o samba nasceu em mim”. Sete anos depois de “Samba meu”, a cantora volta a dedicar um disco inteiro ao gênero. Um retorno que ela não entende assim, argumentando que o samba sempre esteve com ela:
— Essa relação vem da infância. Era a única que ficava assistindo aos desfiles — lembra. — O samba me pega de uma forma inconsciente. No início de “Rio”, Blue (arara-azul que é o personagem principal do filme) começa a mexer o corpo involuntariamente ao ouvir samba. Quando vi aquilo, ri, e Davi (Moraes, músico de sua banda e seu marido) brincou: “Você se identificou, né?”.

Músicas extras no iTunes

O samba sempre esteve perto, mas a vontade de gravar novo disco só de sambas — o gênero não apenas domina o repertório ritmicamente, mas também como tema — começou a tomar forma no fim de 2013. A cantora foi convidada a montar um show para o Palco Sunset do Rock in Rio e escolheu homenagear Gonzaguinha. Ela reuniu uma banda para a ocasião (“Quis fazer diferente, gosto de sair do lugar-comum, gosto do desafio, do estranho”) com “uma guitarra mais pesada”. Gostou do resultado e quis aproveitar a sonoridade para um novo disco (no iTunes, há duas faixas de Maria Rita cantando Gonzaguinha). Em paralelo, sofria com a saudade da turnê de “Samba meu”.

— Foram dois anos e meio de turnê. Senti um abandono ao me despedir, chorava. Então, o disco combina essa saudade com a vontade de usar aquela sonoridade — conta. — Conversei sobre isso com Marcelinho Moreira, e ele me deu “Meu samba, sim, senhor” (que abre o CD com os versos “Mais uma vez/ Aqui estou”).

Maria Rita chegou a pensar em fazer um CD mais político:

— Estava preocupada com os rumos do país depois dos acontecimentos do ano passado. Essa inquietação acabou entrando no disco de forma mais sutil, com humor ou poesia, em “Saco cheio”, “Bola pra frente”, “Fogo no paiol”... Essa, aliás, tem uma coisa mais pessoal. O verso “Para de dizer que não repara quando eu pego pra cantar” tem a ver com minha relação com o mercado. “Mainha me ensinou” também tem esse lado pessoal. Tinha acabado de ter uma filha, de fazer um show em homenagem à minha mãe...

O disco reúne compositores como Rodrigo Maranhão, Noca da Portela, Xande de Pilares, Arlindo Cruz e Joyce Moreno, sob a sonoridade que usa a banda do Rock in Rio, mas aponta outro caminho, mais clássico (com o uso da guitarra). Os arranjos são de Jota de Moraes, mas, como produtora, Maria Rita deu sugestões.

— Gravamos em roda, ao vivo. Na configuração do estúdio, fazia questão de ver a percussão e a bateria. Quero inclusive que meu palco seja assim, bateria de um lado, percussão de outro — diz a cantora, que estreia o show no dia 26 de abril, na Fundição Progresso.

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