Maria Rita: "Cantar Elis teria sido fácil"

Correio da Manhã

Por: Rui Pedro Vieira

A cantora vem a Portugal apresentar o disco de homenagem à mãe. A 28 canta no Rosa Mota, Porto, e no dia seguinte no Meo Arena de Lisboa.

Maria Rita vendeu mais de dois milhões de discos no Brasil e venceu seis Grammy latinos

Correio da Manhã – Tardou até aceitar cantar temas da sua mãe. Qual o motivo da demora?

Maria Rita – Quando comecei a cantar, há mais de 10 anos, tomei uma decisão muito difícil. Sabia que era esperado que cantasse as canções da minha mãe. Mas por causa dessa expectativa, cantar Elis teria sido fácil.

– Tinha medo das comparações?

– Seria um insulto, até à memória da minha mãe, ao seu legado. Outro motivo foi sentir que precisava, de alguma forma, de me impor. O meu reportório, a minha história. Precisava de me encontrar. De encontrar os meus compositores, os meus produtores, os meus músicos. A minha identidade sonora.

– Porquê agora? Só pela homenagem aos 30 anos da morte de Elis Regina?

– O convite surgiu. Provavelmente teria feito noutra altura se este convite tivesse surgido antes. Mas, principalmente, aceitei por já ter 10 anos de carreira.

– Já não tem nada a provar?

– Sim, justamente. E sentia, na plateia, que as pessoas já distinguem a Maria Rita cantora e a Elis cantora. Já não há essa simbiose constante…

– Como foi construir o alinhamento do espetáculo ‘Redescobrir’? Qual foi o critério?

– Foi uma das tarefas mais difíceis da minha vida. Primeiro, porque de todo o reportório da minha mãe só há uma música de que não gosto. Sendo que ela gravou cerca de 30 discos… Tentei perceber o que é que seria meu. Como intérprete, sou uma contadora de histórias. Tenho de cantar o que conheço, o que identifico, para fazer uma interpretação com entrega. Nos ensaios tinha 65 canções, mas passou para 29.

– Há alguma música da Elis Regina que seja a sua preferida?

– Preferida… é muito difícil. Dizer só uma que ame não sei. Mas há um momento no espetáculo, muito íntimo, que é quando canto ‘Se Eu Quiser Falar com Deus’ e ‘Essa Mulher’. O público vai perceber porque é tão especial. Mas sim, posso dizer, talvez, que esse é um dos momentos mais especiais.