terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ed Motta para dançar

27/12/09 - Época

Piquenique
, o novo álbum de Ed Motta, foi feito para dançar e para tocar no rádio. De volta ao pop, sua incursão mais popular foi Manual Prático Para Festas, Bailes e Afins, de 1997, Ed optou por fazer um álbum com arranjos mais simples e sonoridade mais próxima de seus grandes sucessos como Manuel (do início de sua carreira), Fora da lei, Daqui pro Méier, Tem espaço na van e Colombina. “Eu estava sentindo falta de me comunicar com um público maior”, diz Ed.

De fato, o trabalho é bem diferente de seus últimos discos, Dwitza (2002) e Aystelum (2005), ambos instrumentais, e Chapter 9 (2008), somente com letras em inglês.

O novo álbum traz 12 canções inéditas, sendo que 11 delas estreiam uma parceria do músico com a sua mulher, a roteirista Edna Lopes. “Ela é a pessoa que mais me entende. Foi uma delícia trabalhar com ela nesse projeto”, afirma.

A outra faixa inédita é Nefertiti, feita com é com Rita Lee, com quem Ed fez dois do seus maiores scuesso, Fora da lei e Colombina.

Piquenique ainda traz o dueto de Ed com a cantora Maria Rita na “sensual” faixa A turma da pilantragem uma referência ao trabalho de Wilson Simonal, um dos maiores expoentes do movimenteo do final da década de 60 que ficou conhecido como “pilantragem”. A faixa foi a primeira do disco a tocar nas rádios do país.

Ed pretende mostrar as canções do novo álbum em plena festa de réveillon de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde ele será uma das atrações. Confira a entrevista com o cantor.

ÉPOCA – A crítica tem apontado esse álbum como o mais pop de sua carreira. Você concorda?
Ed Motta –
Sim, É o disco mais pop que eu já fiz. O Piquenique é mais pop que o meu álbum de maior sucesso até hoje, o Manual Prático. Eu estava sentindo falta de fazer um trabalho assim, depois de dez anos fazendo discos mais voltados para o som instrumental e para o jazz. Estava com saudades de fazer algo que se comunicasse com um número maior de pessoas. Os discos instrumentais, principalmente aqui no Brasil, “falam” com um número bem reduzido de pessoas.

ÉPOCA – Como foi o processo de criação desse álbum?
Ed –
Ele foi feito basicamente no estúdio da Trama, em São Paulo. Trabalhei com diversos instrumentos, principalmente teclados. O co-produtor, o Silveira, foi o responsável por dar uma cara moderna ao trabalho, sobretudo nos arranjos.

ÉPOCA Esse disco estreia a parceria entre você e a sua esposa, a Edna Lopes. Como aconteceu esse “encontro”?
Ed-
Tudo começou com uma brincadeira em casa e acabou virando um disco. Na verdade, a Edna tem uma ligação com as palavras muito forte que eu. Ela é roteirista, faz histórias em quadrinhos. Ela letrou a primeira, depois veio outra e mais outra. Acabou dando no álbum.

ÉPOCA – E é tranquilo trabalhar com a mulher?
Ed
– Para mim, é muito melhor. Bem mais fácil. Estamos juntos há 19 anos, ela é a pessoa que mais me conhece.

ÉPOCAA única exceção é a faixa Nefertiti, em pareceria com a Rita Lee.
Ed –
É. Essa é a minha terceira pareceria com a Rita. Eu já tinha feito dois grande sucessos com ela. É sempre um prazer e uma honra trabalhar com a Rita.

ÉPOCA – Na faixa A turma da pilantragem você canta com a Maria Rita. Por que resolveu convidá-la para o disco?
Ed
– Eu queria uma voz que fosse contra-alto. No Brasil, a maioria das cantoras são sopranos. Ela tem um timbre raro. Casou direitinho com a minha voz. É o trombone e o saxofone tenor. Inclusive, o pai dela, o César Camargo Mariano, foi o pianista da maioria dos discos gravados no movimento chamado de “pilantragem”. Eu não tinha pensado nisso. Só me ocorreu depois. Isso fez a parceria ficar melhor ainda...

ÉPOCAFalando em “pilantragem”, recentemente, você participou do DVD “O Baile do Simonal”, cantando Lobo bobo. Como foi essa experiência?
Ed –
Foi muito boa. Eu tenho vários discos do Simonal. Ele é o Bob Marley da pilantragem. Foi ele quem difundiu esse movimento, criado pelo Nonato Buzar e pelo Carlos Imperial, para um público maior.

ÉPOCA – Você é um grande pesquisador de música. Já pensou em escrever um livro ou um guia sobre o assunto?
Ed –
Tenho muita vontade, sim. Estou sempre pensando nisso. Mas ainda não encontrei uma maneira de fazer algo diferente. Não quero fazer apenas mais um livro ou mais um guia. Tomara que eu descubra essa nova fórmula logo!

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