terça-feira, 27 de outubro de 2009

A magia de Maria Rita

Na última quarta-feira, 21 de outubro, aconteceu no HSBC Brasil, em São Paulo, um show especial em paralelo à turnê do disco “Samba Meu” de Maria Rita. Com casa cheia, a cantora apresentou por uma hora e meia um repertório basicamente de sambas tradicionais como é o caso de “Não deixe o Samba Morrer” e mais atuais tal qual “Cara Valente” que virou um sonoro “bis” no final. Também cantou seus grandes sucessos dos álbuns anteriores como Encontros e Despedidas, Pagu, Conta Outra e Caminho das Águas. No centro do palco, à capela, Maria Rita inicia seu show com tamanha segurança que o possível nervosismo, típico de quando um artista entra em cena, não se fez perceber em nenhum momento. Sua afinação realmente é impecável. A partir daí dá-se início à maratona de sambas tão bem casados com seu estilo despojado de interpretar e de usar o corpo, caras e bocas em favor de uma expressão convicta e firme.

O show seguiu magnífico do início ao fim e Maria Rita prova cada vez mais que o palco é sua sala de estar, ficando totalmente à vontade. Passeia natural e tranquilamente nas regiões graves com pureza e precisão, nos agudos mantém notas longas acrescidas de vibratos, esses não tão utilizados em seu início de carreira. Ao final do show, já na hora do “bis”, a frente do palco foi liberada e pôde-se perceber o quanto os fãs admiram a cantora. As bocas se moviam em sincronia quase na sua totalidade, além das palmas batidas no tempo certo e alguns casais arriscando passos de gafieira. Uma representação explícita de um fã seguidor e de causar inveja a qualquer outro artista. Maria Rita, pelo bem da música brasileira e pela alegria de seus fãs, por favor, não deixe o samba morrer.

Técnicas vocais

Na primeira e única pausa para cumprimentos e apresentação da banda formada por músicos extremamente competentes, percebe-se uma leve rouquidão nas palavras faladas de Maria Rita, isso segue em todo seu discurso. Aí está a magia para entendedores da técnica vocal, provando que a cantora certamente faz preparações corretas a fim de passear por toda sua tessitura de maneira incrível. Isso pode acontecer por haver uma grande diferença entre a voz falada e a cantada. Na condição do canto as pregas vocais são utilizadas de uma maneira diferente, quando utilizamos uma extensão curta sem explorar os extremos. Na medida em que passamos da voz cantada para a falada é como se acelerássemos um carro até a quinta marcha e em seguida engatássemos a primeira. Quando a voz é aquecida para cantar, ela deve ser utilizada para este fim e quando volta ao estágio falado é necessário um desaquecimento vocal. Portanto, se alguém que estava no show percebeu o ocorrido, aí está a explicação, que por sinal é a mesma para o fato de gagos não gaguejarem na hora de cantar.

Raul Mozardo é Músico, Relações Públicas, com especialização em Jornalismo Cultural, e Coordenador de Eventos da In Concert Produções e Eventos http://www.grupoinconcert.com.br/Twitter: @raulmozardo

Fotos por: Gustavo Monteirohttp://www.premierequipe.com/

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